domingo, 28 de agosto de 2011

Quem vale hoje?

De tempos em tempos, ocorre uma mudança das características que tornam as pessoas “mais interessantes” que outras. Essa diferenciação normalmente está ligada diretamente à capacidade financeira, e, por conseguinte, a qualidade de vida das pessoas.

Na história brasileira, a primeira classificação social se deu através da propriedade das terras: os proprietários tinham a vida muito mais confortável que os demais. Depois, seguiu-se os ciclos da cana-de-açúcar, da escravatura e da mineração.
Com a chegada da Família Imperial, incluem-se os títulos nobiliários: condes, viscondes, barões, etc; quem tinha, era da elite. Vem o café, e com eles os novos barões, que compraram seus próprios títulos, seus casarões e seus bancos. Com a industrialização, transfere-se o poder da posse da terra, para a posse das indústrias, e, com elas, o valor do dinheiro e tudo o que ele pode comprar. Até aqui, as pessoas valiam pelo que possuíam: suas propriedades, ou seja, você vale pelo que você tem.

As cidades passam a centralizar os desejos de consumo e o interesse das pessoas. Há um afluxo das pessoas para as cidades em crescimento. O comércio e a prestação de serviços passam a mover a economia. Novas profissões, novos produtos, novas indústrias. Surge uma nova característica que determina o valor das pessoas: você vale pelo que você é. Um médico, um advogado, um grande comerciário, um industrial; todos passam a ter uma vida com mais conforto.

Vem o desenvolvimento das cidades: novas técnicas, novos produtos, o petróleo, a indústria automotiva, as estradas. Com a chegada da televisão, o consumo cresce, a medida que as indústrias investem na divulgação da sua produção. Cada vez mais as pessoas adquirem coisas. Agora já não basta você ser um bom profissional ou empresário, você tem de demonstrar a sua capacidade de conquista. Comprar torna-se a sua identificação. Casas, apartamentos, terrenos, casas de veraneio, telefones. você é o que você pode comprar.

A modernidade vem trazendo a velocidade. A era da comunicação torna o mundo menor, via satélite, tudo ao alcance de um telefonema, ou um fax. Ou, com a Internet, um e-mail. As novidades passam a ser instantâneas. Lançado hoje no outro lado do mundo, já está disponível para entrega, com pagamento “on line”. Comprar se torna acessível a todos que podem pagar o preço dividido em “n” parcelas. Agora não é comprar que vai te diferenciar. Não adianta adquirir um produto que todos podem ter que vai te tornar uma pessoa “diferenciada”. Você tem de ter algo exclusivo, algo “fashion”, caro, muito caro, que não é para todos, porque o importante não é o produto e sim a “marca”. Para valer não basta ter o poder, você tem de parecer que tem esse poder.

A qualidade de vida dos que tem o poder, está muito distante dos demais que fazem parte dessa mesma sociedade que nada mais desejam, senão a busca de uma vida mais justa e feliz.

E hoje? O que torna a pessoa interessante? Distinta das demais? Será que o poder terá, ainda, de ser determinante na qualidade de vida? Qual a próxima fase?

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